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A SEMENTE DA VERDADE

 

Conto Folclórico Oriental

Autora: Patrícia Engel Secco

 

Thai era um ótimo menino, responsável, amigo e, acima de tudo, honesto. Sempre que chegava da escola, dedicava-se ao seu passatempo favorito: a jardinagem. O jardim de sua casa era simplesmente fantástico, com cerejeiras, bambus, orquídeas e várias outras plantas, todas cuidadas com muito carinho. Imerso em seus pensamentos e realizando a tarefa mais apaixonante de sua vida, o garoto passava horas e horas no jardim, que a cada dia ficava mais lindo.

As outras crianças não conseguiam entender como Thai podia passar tanto tempo cuidando das plantas,

mas ele sempre dizia:

– O tempo é o maior aliado da beleza e, em um jardim, ele não passa rápido nem devagar, apenas no ritmo certo.

O jardim precisa de mim, e eu, do tempo...

 

Cada planta tocada por ele crescia viçosa, colorida e forte, e, na família todos tinham certeza de que o menino

era filho da terra, neto do tempo.

O imperador do país de Thai estava seriamente preocupado em definir quem o sucederia. Sem filhos nem parentes próximos, ele decidiu chamar todas as crianças do reino, pois entre elas, com certeza, encontraria alguém digno de assumir o trono.

Como todas as outras crianças, Thai também foi convocado e, no dia marcado, dirigiu-se até o palácio do imperador. Havia milhares e milhares de pequenos súditos no jardim, mais do que Thai podia imaginar que vivessem no reino. Apareceu então o imperador, que disse, sem fazer rodeios:

– Crianças, preciso escolher entre vocês o meu sucessor, o futuro imperador de nosso país. Eu vou lhes dar uma tarefa, e a minha escolha vai depender da dedicação de vocês. Estou aqui com milhares de sementes. Quero que vocês as levem e as cultivem. O trono será daquele que me trouxer, daqui a um ano, a planta mais bonita, mais bem-cuidada.

Vocês irão dispor de um ano inteiro, portanto terão o tempo a seu favor. Durante esse período, observem o que aconteceu com a semente, com a planta. Deixem que elas lhes ensinem uma bela lição.

O coraçãozinho de Thai iluminou-se, pois ele era um excelente jardineiro. Com certeza, essa seria sua oportunidade. Porém a pequena chama de esperança acesa naquele instante foi se apagando. É que, por mais que Thai se esforçasse, a semente não brotava. O menino fez tudo o que podia, adubou a terra, colocou o vaso no sol, regou a semente com água da nascente, mas seus esforços de nada adiantaram. Aquele ano passou muito rápido. Logo chegou o dia de apresentar a planta ao imperador, e a semente de Thai ainda não havia brotado. O menino estava tão envergonhado que não sentia nem mesmo vontade de comparecer ao evento; porém seu avô lhe disse:

– Você é dedicado, Thai, mas antes de tudo é honesto. Vá até o imperador e diga a verdade a ele.

– Mas, vovô, se eu tivesse tido um pouquinho mais de tempo... – Meu neto, todas as crianças tiveram um ano para cuidar de suas sementes, e um ano é muito tempo... Sua dedicação foi extrema, mas a semente não brotou. Não se envergonhe, querido, diga apenas a verdade e não culpe o tempo. Talvez seja esta a lição que o imperador quer que você aprenda: algumas vezes a verdade não é tão bonita como uma flor, mas precisamos encará-la com coragem. 

- Como assim, vovô? – perguntou Thai. – É muito simples.

Nossas atitudes devem ser norteadas pelo compromisso com a verdade, e devemos agir sempre em busca da felicidade, sem que a nossa alegria deixe ninguém infeliz. – Entendi, vovô.

Suas sábias palavras me fizeram compreender que, ao contar a verdade ao imperador, dizendo que me esforcei ao máximo para fazer a semente brotar, estarei caminhando em direção à felicidade.

A mentira deixaria no mínimo duas pessoas infelizes, o senhor e eu, porque saberíamos que menti! – É exatamente isso, querido. Esse é o significado de uma palavra mágica, a ética, um valor básico que deve acompanhar você por toda a vida. – Muito obrigado, vovô. Estou pronto para ir ao encontro com o imperador. Levarei comigo o vaso com a terra e a semente que não brotou e terei em meu coração a certeza de que fiz o melhor que pude.

E o jovem jardineiro dirigiu-se ao palácio, cheio de coragem. Entretanto, ao chegar lá, Thai ficou muito envergonhado, pois era a única criança que não levava consigo uma belíssima planta. Havia flores de todas as cores e árvores de todos os frutos. O imperador, sentado em seu trono, chamava as crianças, uma a uma e examinava minuciosamente as plantas. Perguntava a cada criança que lição aprendera com a semente, e todas respondiam ter aprendido sobre o talento, a perseverança e o dom necessário para fazer a semente brotar. Apesar de os resultados serem esplêndidos, o imperador não sorria, nem esboçava contentamento. Thai estava muito nervoso, pois, se o imperador não havia até agora aprovado aquelas plantas maravilhosas, o que não diria de seu vaso contendo apenas terra? E assim o pequeno menino foi ficando para trás e, quando se deu conta, era o último da fila, Mas sua vez chegou, e ele não poderia mais adiar o encontro com o imperador. – Vejamos bem, meu jovem, o que tem aí para mim?

Thai não pôde mais conter as lágrimas. Com a cabeça baixa, mostrou o vaso com terra ao imperador e disse: – Senhor, eu tenho talento, sou um bom jardineiro, e uma de minhas virtudes é a perseverança, mas, por mais que eu tenha me esforçado, a semente não brotou. Estou envergonhado e peço perdão... Talvez tenha sido falta de sorte, mas dedicação não me faltou. Considero o tempo meu aliado, porém confesso, senhor, que dessa vez ele se esvaiu muito rápido.

– Mas você não teve tempo suficiente para meditar a esse respeito? – perguntou o imperador.

– Tive muito tempo para refletir sobre a semente que me foi dada e decidir qual seria minha atitude. Optei por dizer a verdade, relatar-lhe meu esforço e rogar-lhe perdão. Estou muito envergonhado por causa desse vaso com terra que trago comigo. Não se envergonhe, criança, você fez o que pôde. Aliás, estou muito surpreso de ter recebido aqui tão lindas plantas brotadas de sementes mortas. Levante a cabeça, Thai, meu futuro sucessor. E preste atenção, meu filho. Apesar de você considerar a perseverança sua grande virtude, asseguro que hoje o valor que prevaleceu foi outro: a ética, a honestidade. Vou explicar: eu havia queimado todas as sementes antes de entregá-las às crianças. Nenhuma poderia germinar, jamais. Portanto, entre todas as crianças que aqui estão, você foi a única que plantou a semente da verdade.

 

PLANTE A SUA SEMENTE DA VERDADE.

 

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"Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas.

Pessoas transformam o mundo".

Paulo Freire

 

 

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Prof.ª Maria Isabel

Jornalista, Formada em Pedagogia,

Coordenação e Supervisão Escolar.

Pós-Graduada em Docência no Ensino Superior.

Gestora em Negócios Imobiliários.

Avaliadora de Imóveis  (CNAI 23495) Cadastro Nacional de Avaliadores de Imobiliários. Gestora em projetos Sociais.

Mediadora pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) Professora de Diversos Cursos das Áreas Condominial e Imobiliária.

Idealizadora do Instituto Encontros da Cidade (IEC)

 

 

 

contato: isabel@institutoencontrosdacidade.org

 

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Dr. Cristiano De Souza Oliveira

Advogado Condominialista e consultor jurídico

há  26 anos.

Mediador Judicial e Privado cadastrado perante o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Integrante do Grupo de Excelência de Administração Condominial – GEAC do CRA/SP

Autor do livro editado pelo Grupo Direcional

"Sou Síndico, E agora?

Reflexões sobre o Código Civil e

a Vida Condominial em 11 lições".

Colunistas em diversas Revistas e Jornais do segmento.

Professor de Diversos Cursos das Áreas Condominial e Imobiliária.

 

contato: cristiano@institutoencontrosdacidade.org

 

 

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